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Ensino e aprendizagem
Pessoas com autismo podem conquistar diferentes avanços com o devido apoio profissional e familiar. A orientação, expressa nas Diretrizes dos Centros de Atendimento Educacional Especializado do Estado de Santa Catarina – Transtorno do Espectro Autista (FCEE,2022), é iniciar o tratamento especializado o quanto antes, com um plano de tratamento personalizado conforme as necessidades da criança com TEA, apoiado em práticas que apresentem fortes evidências de efetividade. A conduta indicada vai depender do nível do TEA e da idade do autista e deve ser decidido junto à família.
Quanto antes forem iniciadas as terapias de intervenção, maiores as chances de que a criança com autismo desenvolva as habilidades necessárias para melhorar sua funcionalidade e qualidade de vida. Um período crucial do desenvolvimento da criança é dos 0 aos 3 anos de idade, quando o cérebro está no ápice da neuroplasticidade. Nesta fase, deve-se iniciar, preferencialmente, o serviço de intervenção precoce, aproveitando esta janela de desenvolvimento. A intervenção ainda é definida como precoce quando acontece na primeira infância, que representa a faixa etária de 0 a 6 anos, de acordo com o Ministério da Saúde.

É importante reforçar que, quanto mais cedo a família receber o diagnóstico, mais cedo poderá ser iniciada a intervenção, possibilitando um melhor prognóstico para a criança.
 
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Intervenções
Para atendimento de pessoas com TEA, as instituições especializadas credenciadas à FCEE devem formar equipes multidisciplinares formadas por pedagogo, professor, educador físico, assistente social, psicólogo, fonoaudiólogo,  terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, dentre outros. Cada profissional atuará em sintonia com a realidade da instituição e com as Diretrizes dos Centros de Atendimento Educacional Especializado do Estado de Santa Catarina – Transtorno do Espectro Autista (FCEE, 2022).
 
Saiba mais sobre cada intervenção a seguir:
 
Professor
O professor tem como objetivo de trabalho o atendimento aos educandos da instituição especializada de acordo com os critérios de cada programa educacional. As ações podem variar de acordo com o programa, no entanto, é inerente a sua função a participação e/ou conhecimento sobre cada etapa da avaliação de desenvolvimento dos alunos que atende.
O professor é o profissional referência na turma que atua. Compete a ele identificar, elaborar e produzir os recursos pedagógicos que visem minimizar as barreiras de aprendizagem dos alunos com TEA. Ele elabora, juntamente com os demais profissionais, o Plano de Desenvolvimento Individual, registrando a evolução e a identificação de elementos relevantes para o planejamento constante e atualizado de cada educando.
Os demais atendimentos ocorrem na sua presença, contando com seu suporte e acompanhamento do pedagogo. Também participa de forma regular das assessorias escolares para alunos matriculados na rede regular de ensino.

Pedagogia
O pedagogo trabalha em parceria junto ao professor da instituição especializada frequentada pela pessoa com autismo, articulado também com a família e sua rede de apoio. Ele realiza avaliações, planejamento e estudos em conjunto com os professores para identificar as abordagens e procedimentos relevantes que possam qualificar o desenvolvimento do educando, propondo ações facilitadoras para seu aprendizado.
Uma das ações deve ser a oferta de assessorias escolares na rede regular de ensino, que devem ser periódicas e regulares. Também cabe a este profissional o rastreio das avaliações mais adequadas a determinada demanda, a sistematização de dados e evoluções para registros dos professores e orientações às famílias, capacitando-as enquanto coterapeutas dos educandos.
 
Educador Físico e Psicomotricidade
O trabalho realizado pelo educador físico se dá através de práticas corporais, auxiliando no desenvolvimento de diversas habilidades motoras. O planejamento das atividades deve ser realizado com um olhar voltado para o educando como um todo e não para a habilidade motora em si.
A psicomotricidade nos permite observar o desenvolvimento integral dos educandos a partir dos seus comportamentos motores. O profissional parte do entendimento que a partir da habilidade motora o educando pode passar a ter autonomia em funções do seu dia a dia, trazendo assim mais qualidade de vida para o mesmo.
Com isso, é importante que sejam realizadas avaliações com os educandos, considerando o desenvolvimento motor ideal para a idade em que o sujeito se encontra, sendo então possível avaliar quais são os déficits que precisam ser trabalhados e estimulados.
Como campo educacional, a psicomotricidade enfoca nos seguintes elementos: tônus, equilíbrio, esquema corporal, imagem corporal, lateralidade, ritmo, orientação espaço temporal, coordenação motora ampla e motricidade fina. É importante que o educador físico contemple em seu planejamento os elementos citados para que o educando consiga, dentro de suas potencialidades, o desenvolvimento de novas habilidades motoras.

Psicologia
O serviço de psicologia tem como objetivo o suporte aos educandos e famílias atendidas nos serviços prestados, com vistas ao desenvolvimento emocional e manejo comportamental dos educandos, o que reflete diretamente na saúde mental de seus familiares.
O acompanhamento psicológico voltado a pessoas com autismo visa trabalhar com o desenvolvimento das áreas importantes da vida cotidiana, preparando e empoderando a pessoa para os aspectos sociais comuns. Todo esse processo terapêutico resulta na ampliação do repertório comportamental e na melhor adaptação da pessoa com TEA na sociedade.
É de extrema importância o acompanhamento próximo com a família e a escola, pois o trabalho deve ser realizado em conjunto por todos esses contextos, pensando no alcance do melhor desenvolvimento da sua autonomia e independência no dia a dia.
Também é de atribuição do psicólogo da instituição realizar as avaliações dos educandos e articular o seu trabalho junto ao treinamento de pais do serviço da intervenção precoce, bem como o trabalho transdisciplinar junto à toda a equipe da instituição.
 
Fonoaudiologia
Desenvolver a linguagem e comunicação verbal e não verbal no atendimento à pessoa com TEA é o objetivo da fonoaudiologia. A partir desta intervenção, além do desenvolvimento da linguagem receptiva e expressiva, gestual, oral e escrita, o autista será capacitado para compreender, realizar atividades e agir sobre o ambiente.
Na avaliação fonoaudiológica, são analisados todos os aspectos linguísticos e as competências metalinguísticas, que incluem a leitura e a escrita. Poderão ser observadas, também, alterações de mastigação, deglutição, seletividade alimentar, respiração e musculatura orofacial, a qual favorece a articulação da fala.
Neste processo, as estratégias utilizadas costumam ser mediadas por brincadeiras e jogos que estimulem a necessidade de comunicação. O objetivo maior é conquistar uma maior independência e competência dentro das limitações e capacidades da pessoa com TEA.
É muito importante iniciar a fonoterapia o mais cedo possível para potencializar seus resultados. O tratamento intensivo e individualizado ajuda a diminuir o isolamento social que pode ser fruto das dificuldades de comunicação.

Assistência Social
O profissional de serviço social atua com base no atendimento, na acolhida e no acompanhamento familiar da pessoa com TEA. O objetivo é suprir as demandas e necessidades da família e buscar o fortalecimento de seu papel protetivo, e promover o acesso a informações, serviços e benefícios, bem como a garantia e efetivação de direitos.
O assistente social utiliza-se da escuta qualificada, para identificar e compreender o contexto familiar, socioeconômico, rede de apoio existente, as expectativas e dificuldades vivenciadas pelos pais e/ou responsáveis desde a suspeita do diagnóstico e/ou confirmação do TEA, entre outros.
A partir da identificação das demandas, o assistente social presta as orientações e os encaminhamentos necessários, em articulação com a rede de atendimento, serviços e demais Políticas Públicas.
 
Terapia Ocupacional
A terapia ocupacional tem por objetivo melhorar a qualidade de vida da pessoa com TEA a partir da inserção ou aperfeiçoamento de habilidades que favoreçam a sua independência e autonomia. O foco principal está no treino de:
  • Atividades de Vida Diária (AVD) - vestir, escovar os dentes, uso do banheiro, pentear os cabelos, calçar os sapatos, entre outras habilidades relacionadas a higiene e autocuidado; e
  • Atividades de Vida Prática (AVP) - o uso de dinheiro (moeda e papel), cuidados com a medicação (gerenciamento), limpeza do ambiente e cuidados com a própria roupa, uso de eletrodomésticos, eletrônicos, telefone e celulares, bem como atividades desenvolvidas em ambientes externos, como lazer, compras, supermercados, restaurantes, feiras e lojas.
 
Fisioterapia
Os fisioterapeutas têm a tarefa de melhorar e manter a mobilidade funcional ao longo da vida e também desempenham um papel importante no desenvolvimento das habilidades motoras dos educandos. Com foco na progressão do desenvolvimento, os fisioterapeutas avaliam minuciosamente as habilidades de uma pessoa usando o conhecimento do desenvolvimento típico em vários estágios da infância como base. A partir disso, podem então determinar quais intervenções terapêuticas seriam mais adequadas para ajudar a criança a melhorar a mobilidade funcional e subir ao longo do continuum de desenvolvimento.
Estudos indicaram que há uma série de deficiências motoras observadas em crianças e adultos com TEA, como:
  • coordenação deficiente dos membros superiores e inferiores para uma variedade de tarefas, desde destreza manual até equilíbrio e marcha; e
  • déficits motores, particularmente nas áreas de equilíbrio e habilidades motoras que requerem feedback visual, como por exemplo habilidades de alcance.
Além disso, foram identificadas ligações entre a exploração motora e a linguagem, a cognição e o desenvolvimento social. Se pessoas com TEA não são capazes de participar ativamente em seus ambientes, elas correm o risco de perder habilidades cognitivas advindas por meio da exploração motora.
Assim, a Fisioterapia é adequada como tratamento, auxiliando as crianças a desenvolver habilidades motoras e lúdicas, melhorando assim a qualidade de vida. É importante reconhecer que Fisioterapia para educandos com TEA não ocorre de maneira isolada, mas trabalhando lado a lado com as famílias, outros profissionais de saúde e professores.
 
 
Integração Sensorial
Pessoas com TEA apresentam uma série de alterações que comprometem a forma como as informações do ambiente são captadas pelas vias sensoriais - visual, auditiva, tátil, olfativa, gustativa, vestibular (referente à sensação de movimentos) e proprioceptiva (relacionada à identificação da localização, orientação e posição do corpo no espaço) - e a forma como elas são processadas.
Atualmente, crianças e adolescentes com TEA são amplamente beneficiados com a Intervenção Sensorial de Ayres®, uma intervenção que atende aos critérios para uma Prática Baseada em Evidências para pessoas de 5 a 21 anos com TEA. Ela é composta por atividades sensoriais e motoras ativas adequadas à pessoa com TEA, contextualizadas na prática do brincar, que objetivam respostas adaptativas para participação em atividades e tarefas.
A Integração Sensorial - que tem bases na Neurociência -  influencia a realização das atividades e favorece a participação social, ao impactar a saúde e o bem-estar, a formação da identidade e as escolhas ocupacionais. Contribui, assim, para o lazer, para o descanso e para as tarefas de autocuidado e também as domésticas, escolares e as de trabalho.
 
Musicoterapia
A musicoterapia utiliza como ferramenta central a música em suas mais diversas abordagens. O processo terapêutico envolve a estimulação das dificuldades dos educandos com TEA e o desenvolvimento de suas potencialidades cognitivas, motoras e emocionais.
Ao ser exposto à música e ao fazer musical, os educandos conseguem aprimorar sua interação, atenção plena e compartilhada e habilidades sociais, bem como promover o aperfeiçoamento da motricidade.
Essa intervenção deve ser feita com musicoterapeuta treinado, com atendimento em formato individualizado, baseado nas necessidades apresentadas pela pessoa com autismo, mediante avaliação e identificação da necessidade desses estímulos.
Mesmo que a pessoa com TEA não demonstre interesse inicial, cabe ao profissional realizar uma pesquisa sobre a dinâmica e a rotina familiar, nos quais a música esteja presente de alguma forma, como jogos, vídeos e desenhos.
Além da modalidade de atendimentos individuais, os educandos podem ser inseridos em grupos musicais com objetivos variados, desde priorizar a apreciação musical com discussões em grupo, interação e um fazer musical de caráter improvisacional até atividades que exijam maior engajamento dos pacientes, como as de construir arranjos musicais, aprimorar técnica em instrumentos e realizar apresentações na comunidade.
 
Equoterapia
A equoterapia é um método reabilitatório que utiliza o cavalo em abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação. Esse tipo de terapia objetiva o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências sensório-motoras e distúrbios psicossociais, onde encontra-se o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Esse recurso terapêutico oportuniza a realização de atividades e jogos para desenvolver habilidades cognitivas importantes para o desempenho pedagógico, motor, sensorial e social do educando, dentre esses: a atenção; memória; percepção;  raciocínio; linguagem; inteligência emocional; noção temporal e noção espacial.
 
A sessão não ocorre somente sobre o dorso do cavalo, mas em todo o ambiente equestre em que o animal se encontra, sendo estimulada a sensibilidade tátil, visual, auditiva e olfativa. São benefícios da equoterapia para praticantes com TEA:
    • -Promoção da organização e consciência corporal;
    • -Aumento da autoestima e regulação sensorial;
    • -Integração social;
    • -Ensino da importância de regras e disciplina;
    • -Superação de fobias;
    • -Ganho de autonomia e independência;
    • -Utilização da linguagem e habilidades motoras;
    • -Aumento da capacidade de decisões e independência em diferentes situações.
 
    Os educandos atendidos na equoterapia são denominados como praticantes, pois no decorrer da atividade participam de sua reabilitação, na medida em que interagem com o animal. O ambiente deve ser tranquilo, com pouca movimentação, além de oferecer segurança. Portanto, o praticante deve ser atendido por equipe multiprofissional com participação de, no mínimo, um fisioterapeuta, um psicólogo e um equitador.
 
O atendimento equoterápico deve ser iniciado mediante parecer favorável de avaliação médica, psicológica e fisioterápica. As sessões de equoterapia podem ser realizadas em grupo; porém, o planejamento e o acompanhamento devem ser individualizados. Cabe à equipe multiprofissional definir a melhor abordagem de intervenção para cada praticante.
 
O Portal do Autismo é uma iniciativa da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), instituição de caráter beneficente, instrutivo e científico fundada em 1968 com a missão de definir e coordenar a política de educação especial do Estado de Santa Catarina, fomentando, produzindo e disseminando o conhecimento científico e tecnológico desta área. O conteúdo está baseado principalmente nas Diretrizes dos Centros de Atendimento Educacional Especializado do Estado de Santa Catarina - Transtorno do Espectro Autista  (FCEE, 2022).

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